
A Inteligência Artificial (IA) está em toda parte. Ela pode resolver cálculos complexos, auxiliar em entrevistas de emprego e até oferecer suporte conversacional. Com a tecnologia evoluindo a uma velocidade sem precedentes, novas ferramentas surgem a cada dia, competindo para oferecer recursos cada vez mais avançados.
Plataformas como o ChatGPT, que atingiu milhões de usuários em tempo recorde, e gigantes como Microsoft (com Copilot) e Google (com Overview) demonstram a força e a presença global da IA. Essa tecnologia veio para ficar, mas como podemos usá-la de forma inteligente e segura?
A cientista da computação Sasha Luccioni, especialista em democratizar o bom uso do aprendizado de máquina, vê a IA como um “amplificador do bem e do mal da humanidade”. Segundo ela, o segredo é manter o controle. Antes de se render à conveniência da IA, é fundamental fazer algumas perguntas.

1. Qual é a melhor ferramenta de IA para o que você precisa?
Nem toda IA é igual. Sasha Luccioni destaca que, embora as ferramentas mais populares sejam versáteis, existem aplicativos de IA projetados para tarefas específicas que podem entregar resultados muito melhores.
Pense na sua necessidade. Precisa de ajuda com problemas de matemática? Há apps focados nisso. Quer aprimorar uma receita de pão artesanal? Existem IAs que analisam sua produção para dar dicas. Ou talvez você busque gerar orações personalizadas? Há ferramentas para isso. A chave é pesquisar e escolher a ferramenta mais adequada para sua demanda. Em 2025, o “AI Index Report” da Universidade de Stanford mostrou que os EUA lideram a criação de modelos de IA, seguidos por China e Europa, indicando um mercado global vasto e em constante inovação. Não se limite ao óbvio; informe-se e faça uma escolha consciente.
2. Dá para confiar nas respostas da IA?
A IA pode gerar respostas que parecem convincentes, mas nem sempre são corretas ou verdadeiras. Sasha Luccioni alerta que modelos de IA podem “inventar coisas” que soam plausíveis, mas são completamente infundadas. Isso pode ser problemático, especialmente em contextos acadêmicos ou profissionais.
Para evitar cair em armadilhas, a revisão crítica é indispensável. Sempre confira os resultados gerados pela IA. Releia com atenção e questione: “Isso faz sentido?”. Lembre-se: a confiança na IA deve ser proporcional à sua capacidade de validação. A IA pode parecer segura, mas a checagem humana é insubstituível.
3. Que tipo de informação estou compartilhando?
Ao interagir com uma IA, você não apenas recebe informações, mas também as fornece. Os sistemas de IA são treinados com enormes volumes de dados, o que significa que o texto ou as fotos que você insere podem ser armazenados, analisados e usados para treinar o modelo, influenciando respostas futuras.
É crucial estar ciente das políticas de privacidade de cada plataforma. Se você está pensando em compartilhar dados pessoais, sensíveis ou até mesmo “constrangedores”, pense duas vezes. Informações compartilhadas com IAs podem, sim, acabar na internet. Casos como o aplicativo de IA da Meta, que expôs perguntas de usuários em um sistema público, e o bloqueio do ChatGPT na Itália por questões de privacidade em 2023, são alertas importantes. Preocupações semelhantes surgem com chatbots chineses, como o DeepSeek, sobre o armazenamento de dados. Sua privacidade importa.
4. Você realmente precisa da IA?
A IA é uma ferramenta poderosa, mas não deve ser um substituto para o seu próprio raciocínio ou para a conexão humana. Sasha Luccioni aconselha a usar a IA como um auxiliar, não como um substituto do cérebro.
Antes de recorrer à IA, avalie se você não poderia realizar a tarefa por conta própria ou com outras ferramentas mais simples (como uma calculadora). Além disso, em questões éticas, morais ou pessoais, o ideal é buscar a interação humana. A IA não consegue tomar decisões baseadas em valores como “o que é certo” ou “o que é errado”, pois essas são nuances intrinsecamente humanas.
Outro ponto importante é o consumo de energia e recursos da IA. Data centers que alimentam a IA demandam volumes imensos de água para resfriamento, o que levanta preocupações ambientais. A IA continuará a existir e a se integrar às nossas vidas digitais. Contudo, usá-la para tudo pode nos fazer perder justamente o que nos torna humanos: a criatividade, a conexão e a comunidade. Equilíbrio é a chave.
FONTE: BBC
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