
Em um encontro de mentes notáveis, a Monja Coen e a filósofa Lúcia Helena Galvão conversam no podcast Alma Talks sobre a arte de viver. Explorando temas como felicidade, a busca pelo sagrado e o papel da espiritualidade no mundo moderno, a conversa é um convite para uma profunda reflexão. Ambas compartilham a ideia central de que a verdadeira transformação começa de dentro para fora, desafiando a visão de que a mudança deve vir primeiro do mundo.
Prepare-se para um bate-papo inspirador que nos leva a questionar nossas próprias crenças e a encontrar a paz em meio ao caos.
A Verdadeira Felicidade e a Coerência com Nossos Princípios
Para a Monja Coen, a felicidade não é um estado contínuo, mas sim momentos de contentamento e bem-estar. Ela se refere ao conceito de Buda, o “contentamento com a existência”, que independe do sucesso ou fracasso. A chave é fluir com a vida sem ser controlado pelas emoções.
Lúcia Helena Galvão complementa com a visão estoica, de que a felicidade é um estado de estar em paz com a própria consciência. Isso significa viver de forma coerente com nossos valores e princípios, sendo nossos próprios e mais honestos julgadores. Para ela, a busca pela aceitação a qualquer preço, tão comum na era das redes sociais, é um risco que pode nos levar a “profanar a própria identidade” e, na verdade, a afastar a felicidade genuína.
Materialismo e Espiritualidade: Meio ou Fim?
A conversa aborda o materialismo como uma ênfase excessiva em “ter coisas” para ter importância social. A Monja Coen narra a história de uma CEO que se sentiu uma farsa ao se conformar com as aparências, trocando seu trabalho social por roupas e óculos de grife para ser aceita. Ela conclui que as coisas materiais podem ser um meio para alcançar objetivos maiores, mas se tornam um obstáculo quando são o fim em si mesmas.
Lúcia Helena Galvão reforça essa ideia com a frase do pensador indiano Swami Vivekananda: “Quando as coisas materiais são meios e Deus é o fim, você é um espiritualista. Agora, quando as coisas materiais são fins e Deus é o meio, você é um materialista.” Ambas concordam que a sociedade moderna muitas vezes usa o sagrado como um meio para ambições materiais, em vez de vivê-lo como um fim em si mesmo, gerando um “grande materialismo disfarçado.”
Convivência e Presença: A Chave para o Despertar
Um dos pontos mais tocantes da conversa é sobre a importância da presença e da convivência. A Monja Coen compartilha a história de um monge vietnamita, Thich Nhat Hanh, que pedia para que, em seu túmulo, fosse escrito: “Eu não estou aqui, mas estou onde você estiver, em presença pura”. A ideia é que a vida plena reside em estar inteiramente presente no agora.
A Monja também compartilha sua experiência no mosteiro, onde a convivência íntima com pessoas de diferentes origens revelou suas próprias “arestas”. A convivência é a fonte das maiores felicidades e dos maiores sofrimentos, pois ela revela nossas fraquezas e nos força a aprender a aceitar os outros como são. A paciência e o autoconhecimento se mostram essenciais para essa jornada.
Lúcia Helena Galvão complementa com uma parábola sobre um cemitério que registrava nas lápides não a data de nascimento e morte, mas sim o tempo em que a pessoa esteve realmente viva. Essa reflexão nos convida a pensar sobre o quão “desdobrados” andamos, e como o estar presente em nossas vidas é um dos maiores desafios.
O Caminho para a Libertação da Dor e a Sabedoria
O podcast também explora o caminho para a libertação da dor, seguindo as Quatro Nobres Verdades do Budismo: a insatisfação existe, há causas para ela, mas existe um estado de paz (Nirvana), e há um caminho de oito aspectos para alcançá-lo. Este caminho inclui a “memória correta”, a “fala correta” e o “esforço correto”. A Monja Coen enfatiza a importância de nos questionarmos e não apenas aceitarmos passivamente o que nos é dito, uma recomendação que Lúcia Helena Galvão acolhe, lembrando que o diálogo e a reflexão são cruciais.
Por fim, ao diferenciar o intelectual do sábio, as duas concluem que o sábio é aquele que não apenas acumula informações, mas sabe colocar a teoria na prática, lendo os “sinais no caminho” e vivendo de forma coerente. A educação de hoje, focada no intelectualismo, falha em ensinar a sabedoria.
O encontro da Monja Coen e Lúcia Helena Galvão é uma poderosa lição sobre a busca interior. É um lembrete de que a verdadeira melhora do mundo começa com a transformação do nosso próprio olhar, da nossa maneira de estar na vida.
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