
No podcast “Como Você Fez Isso”, Luana Carolina, fundadora da Studs e criadora do protocolo “Rotina para Enriquecer”, retorna para uma conversa aprofundada com Caio Carneiro sobre produtividade, rotina e execução máxima. Luana, que há 9 anos produz conteúdo digital focado em constância e foco, compartilha sua perspectiva única sobre como guiar as pessoas ao seu potencial máximo de execução.
Produtividade como Ferramenta, Não Escravidão
Luana inicia a conversa desmistificando a ideia de que disciplina, foco e constância são virtudes a serem perseguidas por si só. Para ela, são ferramentas que devem ser usadas a nosso favor, sem nos tornarmos escravos da rotina. A maioria das pessoas busca construir hábitos sem entender se eles são funcionais para sua realidade individual. Ela critica a busca por “atalhos” ou “receitas prontas” (como um calendário de tarefas fixo), defendendo que cada indivíduo tem um “tabuleiro” e “cartas” diferentes, exigindo autonomia para tomar decisões personalizadas.
A Origem da Disciplina e o Poder do Contexto
A palestrante argumenta que a disciplina não é algo que se “desenvolve” isoladamente, mas sim o resultado de um modelo de vida que se ajusta para tornar as atitudes diárias mais direcionadas aos objetivos. Ela usa a analogia de que as decisões não vêm do vácuo, mas são influenciadas por um contexto externo e mental. Um elogio na infância por ler bem, por exemplo, serviu como um incentivo que se transformou em uma cascata de motivação.
Luana enfatiza que, ao entender que somos influenciados pelo ambiente, podemos intencionalmente nos movimentar para semear em lugares e contextos que nos ajudem. A inteligência da vida, segundo ela, reside em construir um contexto favorável que nos empurre, sem depender exclusivamente da “força de vontade”, que é frágil contra a maré de interferências.
Autoconhecimento e a Luta Contra Interferências
Para Luana, o autoconhecimento é crucial para identificar o que nos incentiva e o que nos desincentiva. Ela pratica a auto-observação constante, analisando os próprios impulsos e interferências. A máxima “nada é do nada” é um pilar de sua filosofia: se você está desanimado, há uma razão por trás, não é algo aleatório. Aceitar passivamente o desânimo sem compreender sua origem é alienar-se. O fracasso é intrínseco ao progresso, mas não deve ser aceito sem análise e aprendizado.
Confiança e o Círculo de Competência
A confiança, para Luana, exala e é perceptível. Ela a atribui a dois caminhos principais:
- Manter-se no círculo de competência: Evitar a “burrice” de se aventurar em áreas onde não se tem conhecimento profundo. Ela cita Charlie Munger: “não é buscar ser inteligente, é evitar ser burro”. A internet, com sua tentação de mostrar que se sabe de tudo, é um perigo nesse sentido. Manter-se na sua zona de expertise reduz a probabilidade de erros grotescos e aumenta a credibilidade.
- Expandir diariamente o círculo de competência: Aumentar essa área um pouquinho a cada dia. No início de algo novo, o progresso é assustadoramente visível. No entanto, para se tornar excelente e referência, é preciso aceitar continuar se esforçando mesmo quando o progresso se torna menos perceptível, focado nos “grãozinhos de areia” que, acumulados, criam um diferencial significativo a longo prazo.
A Importância do “Lastro no Passado” e Pequenas Vitórias
Luana inverte a lógica comum: o que fazemos hoje não é para construir um bom futuro, mas para deixar um bom lastro no passado. Nossas decisões são baseadas em experiências anteriores. Se o histórico é negativo, cada novo momento é uma chance de criar uma “carta na manga”, uma pequena vitória que se acumulará para construir um novo histórico de credibilidade consigo mesmo. Essas pequenas vitórias são “gols” que nos aproximam do objetivo e minimizam a insegurança em relação ao futuro incerto.
Protegendo a Execução e a Rotina
Para proteger a rotina e a produtividade, Luana sugere:
- Não separar sentimento de ação: Reconhecer que um está interligado ao outro.
- Em dias ruins, não abrir mão das coisas que fazem bem: A estratégia do “comer meus ovos” (fazer algo simples e positivo pela manhã) é um exemplo.
- Isolar-se em dias de extremo desânimo: Evitar “respingar” nos outros para não criar uma bola de neve negativa. Não tomar decisões importantes quando se está bravo ou desanimado.
- Cuidado com as influências: O cérebro não processa o “não” (“não pense em um elefante rosa”). Assim, é crucial escolher o ambiente e as pessoas com quem se convive, pois elas influenciam diretamente nossos pensamentos e associações mentais. Evitar conteúdos e companhias que “acendem” pensamentos negativos.
O Medo Estratégico e a Confiança na Capacidade
Luana vê o medo como um mecanismo de defesa fundamental, assim como a dor. Ela usa o medo estrategicamente para se manter em estado de alerta e executar mais. Seu maior porto seguro não é o dinheiro, mas sua capacidade e conhecimento. Ela não teme perder tudo porque sabe que pode reconstruir, pois sua habilância é o que a tranquiliza. Seu medo principal é se relacionar com pessoas erradas ou ficar tão apaixonada por suas próprias ideias a ponto de não enxergar problemas óbvios, pois o amor “mascara” os problemas.
A Filosofia do “Bom Você Se Torna”
A frase que Luana pensa em tatuar e que se tornou um “coringa” em sua vida e na de Caio Carneiro é: “Bom você se torna”. Essa filosofia é a resposta para a insegurança e a falta de habilidade. Quando alguém diz “não sei fazer”, a resposta é “bom você se torna”, incentivando a aprender e a desenvolver. É a aceitação de que ninguém nasce bom, mas se torna bom através da prática deliberada e da execução constante. É a ideia de que “o trabalho devolve”, e que é preciso começar mesmo sem ser bom, pois a excelência vem com a repetição e o esforço contínuo.
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