Obesidade: Novo Estudo Revela o Grande Vilão Entre Dieta e Sedentarismo

A obesidade é uma epidemia global, afetando mais de um bilhão de pessoas – ou seja, 1 em cada 8 indivíduos no mundo. Em países de maior renda, o problema é ainda mais acentuado. Dois fatores são amplamente apontados como os principais causadores dessa condição: dietas ricas em calorias e rotinas sedentárias. Mas, qual deles tem o maior peso nessa equação?

Um novo e abrangente estudo analisou essa questão a fundo e chegou a uma conclusão surpreendente: a composição calórica da dieta de uma pessoa é mais decisiva para a obesidade do que sua rotina de exercícios físicos.


A Pesquisa por Trás da Descoberta

Publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences, o estudo comparou dados de mais de quatro mil indivíduos em 36 grupos sociais, espalhados por seis continentes. As comunidades analisadas tinham estilos de vida radicalmente diferentes, desde caçadores-coletores e populações agropastoris até sociedades industrializadas e desenvolvidas.

A prevalência da obesidade é notoriamente maior em nações mais ricas. Isso se associa a dois fatores: dietas baseadas em alimentos ultraprocessados, ricos em carboidratos e gorduras (e, portanto, mais calóricos), e um maior sedentarismo entre essas populações. O objetivo da pesquisa era justamente desvendar qual desses dois fatores é o mais determinante.


Dieta vs. Sedentarismo: O Veredito Inesperado

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Os resultados mostraram que, de fato, as populações de países industrializados gastam um pouco menos energia em exercícios físicos. No entanto, essa diferença é pequena demais para explicar a dimensão da epidemia de obesidade. A grande revelação é que o maior consumo de calorias nas dietas dessas nações é o principal vilão.

Em outras palavras, a obesidade parece ter muito mais a ver com o quanto os humanos consomem do que com o quanto gastam de energia. Mais especificamente, o sedentarismo explica apenas cerca de 10% da relação entre a obesidade e o nível de desenvolvimento de um país. Os outros 90% são resultado direto da alimentação.

Para chegar a essa conclusão, os cientistas calcularam a energia gasta por diversas populações ao redor do mundo, ajustando para fatores como tamanho corporal e idade. A análise incluiu a taxa metabólica basal (calorias gastas para manter as funções básicas do corpo) e utilizou um método avançado de medição do gasto calórico total, a “água duplamente marcada” (análise de isótopos de hidrogênio e oxigênio na urina).

Participaram do estudo pessoas de países industrializados como Suíça e EUA, e também de comunidades com estilos de vida ancestrais, como os da etnia Hadza da Tanzânia (caçadores-coletores), o povo indígena Tsimane da Bolívia e os tuvanos da Sibéria.


Atividade Física Ainda Essencial para a Saúde Geral

Apesar de a dieta ser o fator mais determinante para a obesidade, os pesquisadores fazem uma ressalva crucial: a atividade física continua sendo um pilar extremamente importante para a saúde em geral. O sedentarismo, por si só, está ligado a uma ampla gama de problemas de saúde, incluindo doenças cardiovasculares e diabetes, independentemente da obesidade.

Além disso, é importante lembrar que a obesidade, em nível individual, é multifatorial. Ela está ligada não apenas à dieta e aos hábitos de vida, mas também a características como a genética e outros fatores sociais.

Ainda assim, a conclusão deste estudo tem grande relevância para a saúde pública. Ao identificar a composição calórica da dieta como o principal motor da obesidade, o conhecimento detalhado das causas permite formular políticas públicas e estratégias mais focadas e eficazes no combate a essa epidemia global.

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